Um grande equívoco
Cota para mulheres em conselho desconsidera a inclinação espontânea da sociedade

, Um grande equívoco, Capital AbertoA presença de mulheres em conselhos de administração está na ordem do dia. Em novembro de 2013, a capital aberto publicou extensa reportagem sobre o tema, seguida por matérias semelhantes em outras revistas especializadas. O assunto é tratado, de modo sistemático, como parte de um contexto politicamente correto. Seria necessário oferecer às mulheres oportunidades mais efetivas para ascensão profissional e corporativa.

O processo histórico de incorporação delas à vida econômica ativa no Brasil é razoavelmente recente. Os direitos civis plenos foram conquistados ao longo das décadas de 1930 e 1940. Após a 2a Guerra Mundial, iniciou-se o ingresso em larga escala na força de trabalho. E, gradualmente, durante a segunda metade do século 20, cresceu a qualidade das funções atribuídas às mulheres, pela educação e pelo aprimoramento da formação acadêmica. A emancipação e a liberação sexual dos anos 1960 aceleraram essa tendência. Estamos diante de fenômeno natural e, como reza o velho brocardo latino, natura non facit saltus: a natureza não dá saltos. A inclinação espontânea da sociedade é que as mulheres venham a ocupar na vida econômica os mais variados cargos e funções, em quantidades proporcionais à sua participação percentual no quadro demográfico do país.

O assunto não é político. Diz respeito aos princípios que regem a livre iniciativa. Afinal de contas, companhias privadas devem ser preservadas como território exclusivo de mérito, racionalidade e eficiência, sem concessões a experimentos sociais — até porque não estão sob domínio público. Seu objetivo é produzir lucro e remuneração aos acionistas. E, em consequência desse egoísmo implícito em sua atuação e da competição inerente à liberdade de mercado, proporcionar indiretamente o bem-estar da população e largos benefícios sociais. Isso resulta de produtos e serviços melhores e mais acessíveis aos consumidores, além de empregos em profusão.

O mercado conhece e detecta melhor do que a sapiência estatal, legislativa ou burocrática, o que é conveniente e natural. E está sabendo usar a afluência e a competência femininas em prol de suas necessidades e demandas. Segundo a matéria da capital aberto, a fabricante de calçados Arezzo incorporou, recentemente, três mulheres a seu conselho. A razão é simples: os negócios da companhia são essencialmente voltados para o público feminino. Não foram cotas que geraram a providência, mas imperativos mercadológicos. É a natureza agindo sem fazer saltos.

Assim também, Graça Foster preside a Petrobras, maior empresa brasileira, e Cláudia Sender dirige os destinos da TAM, principal companhia aérea do país. Por sua vez, Maria Helena Santana, ex-presidente da CVM, tem assento nos conselhos do Pão de Açúcar e da CPFL. Já a poderosa Luiza Trajano comanda uma das maiores redes varejistas do país. A trajetória e o mérito individual as projetaram no cenário empresarial em que convivem. Como elas, cada vez mais mulheres ascenderão a postos de mando no mundo corporativo, na medida de suas capacidades.

Será um grande equívoco se o Brasil decidir por criar uma artificial presença feminina nos cargos diretivos das empresas privadas, mesmo que outros países o tenham feito. Tal medida comprometerá o desempenho da economia e produzirá, na verdade, uma indesejável cristalização de situações e dispensável disputa de gêneros. A natureza e o mercado cumprirão melhor o papel de equalizar as oportunidades, de acordo com as qualificações individuais de mulheres e homens.


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