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Rentabilidade das ações e desenvolvimento do Brasil
15/4/2014

Muito embora desconfiasse, ainda assim não foi sem surpresa que li artigo em O Estado de S. Paulo de 7 de abril, dando conta de que, em 20 anos de Plano Real, a rentabilidade da renda fixa superou por ampla margem a do Índice Bovespa (Ibovespa). De acordo com estudo preparado pela Economatica, desde o início do Plano Real o certificado de depósito interbancário (CDI) rendeu 3.181% — quase 2.000% a mais do que o Ibovespa, que representa a variação média das ações mais negociadas em bolsa.

Embora haja alguma controvérsia sobre a eficácia dos índices de mercado como instrumento para medir a rentabilidade das ações, ainda assim a diferença é surpreendente e, até mesmo, chocante.

Os últimos 20 anos da economia brasileira apresentaram bons e maus momentos, que obviamente tiveram impacto sobre a rentabilidade das empresas de capital aberto e, consequentemente, sobre o desempenho dos índices de mercado. Ao final do ano passado, a Bolsa, sensível à expressiva volatilidade da cotação de empresas que tinham grande impacto no Ibovespa, resolveu alterar as ponderações para eliminar esse impacto. De qualquer forma, não creio que a supremacia dos retornos da renda fixa sobre a renda variável venha a ser substancialmente alterada.

Curiosamente, estava entre os muitos que acreditavam que, com a estabilidade da moeda trazida pelo Plano Real, dias melhores viriam para o investimento em ações, pois sabidamente inflação (desgaste da moeda) e investimento de longo prazo têm convivência muito problemática.

Como sabemos, uma das características básicas para o funcionamento eficiente do mercado de capitais é a previsibilidade. Tanto para os aplicadores dos títulos de dívida de longo prazo como para os investidores em ações, ter elementos de convicção para projetar o horizonte à sua frente é de fundamental relevância. Afinal, trata-se de abrir mão da comodidade de aplicar no curto prazo para assumir riscos de um futuro que, por definição, será sempre de muitas incógnitas.

Ao não ter confiança no comportamento do valor da moeda, os aplicadores preferem os riscos do curto prazo a arriscar-se nas incertezas do amanhã, em que o comportamento da moeda é fator determinante.

Assim, em diferentes períodos anteriores a 1994, não surtiram efeito diversas iniciativas para debelar uma inflação que criava incríveis distorções na gestão da economia e no cotidiano da sociedade. O Plano Real, inicialmente recebido com certe ceticismo, acabou tornando-se um instrumento de confiança para que assalariados e investidores pudessem olhar o futuro como um horizonte de uma confiabilidade perdida.

Infelizmente, em meses recentes, a inflação renitente na casa dos 6% ao ano — muito embora nem de longe comparável à hiperinflação — definitivamente não cria um cenário propício para os investimentos de longo prazo. Isso nos lembra os efeitos perturbadores da correção monetária, que foi um paliativo e acabou por se tornar um fator desestabilizador para o desenvolvimento. Para combater a inflação, o Copom vem aumentando os juros. Na medida em que eles aumentam, desestimulam o investimento em renda variável. Já vimos esse filme antes!

A pergunta que fica no ar, feita por todos aqueles preocupados com o desenvolvimento do país, é: como imaginar que possamos crescer investindo a médio-longo prazo, para cobrir as incríveis lacunas, por exemplo, na infraestrutura? Será viável fazê-lo sem que haja um aumento substancial de poupança e que uma parte relevante seja aplicada em ações?

O fato é que, no quadro atual, mesmo imaginando que as ações estejam depreciadas, o atual patamar dos juros reais cria um cenário pouco estimulante para o investimento em ações.


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